Amor em Assimetria.
Amar desigualmente é a mais silenciosa das tragédias. Aquele que ama mais carrega o peso de uma devoção que transborda, sufocando no próprio excesso, enquanto o outro, que ama melhor, administra suas afeições com a parcimônia de um jardineiro que poda o excesso para preservar o essencial.
Na dissolução do vínculo, quem ama mais agoniza. A ausência não é apenas a falta de um corpo, mas a amputação de um futuro que se imaginava compartilhado. Cada lembrança torna-se uma lâmina, e o passado, um espelho que reflete um rosto agora irreconhecível.
Sozinho, permaneço numa sala impregnada pelo espectro do teu perfume, por palavras nunca ditas e pela promessa do teu retorno – que sei, nunca virá. O amor, que antes aquecia como um lar, agora é um quarto gelado, onde as paredes sussurram tua ausência.
Aceito o destino como quem aceita um exílio. Não há revolta, apenas resignação; não há esperança, apenas o cultivo discreto de uma melancolia que me faz companhia. Descubro, por fim, que amar mais é um ato de coragem; e amar melhor, um privilégio da alma que nunca me pertenceu.
(Cássio D. Versus)
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