29 de out. de 2013

A Cantora do Saloon


"- Adeus, minha Coisinha Publicazinha. Cuide-se, sim? Não fale com estranhos. Não aceite bebidas. Se sair de noite, ponha um véu sobre a cabeça, por causa do sereno. Se for de dia, vá pela sombra. Adeus. Sempre te amei. - Já ia caindo quando se incorporou novamente: - Ia me esquecendo duma coisa, querida: há alguns dólares no meu bolso. Pague o enterro e fique com o troco. Não quero lágrimas nem flores. Adeus. Outra coisinha: eu podia ter matado esse garoto traiçoeiro, mas ele, como uma barata, não vale uma bala."


(Ernani Ssó)

3 de jun. de 2013

Folha Solta


Não me culpeis a mim de amar-vos tanto,
mas a vós mesma e à vossa formosura,
pois se vos aborrece, me tortura
ver-me cativo assim de vosso encanto.

Enfadai-vos; parece-vos que, enquanto
meu amor se lastima, vos censura;
mas sendo vós comigo áspera e dura,
que eu por mim brade aos céus não causa espanto.

Se me quereis diverso do que agora
eu sou, mudai; mudai vós mesma, pois
ido o rigor que em vosso peito mora,

a mudança será para nós dois;
e então podereis ver, minha senhora,
que eu sou quem sou por serdes vós quem sois.


(Vicente de Carvalho)

Eu não espero o bem que mais desejo


Eu não espero o bem que mais desejo:
Sou condenado, e disso convencido;
Vossas palavras, com que sou punido,
São penas e verdades que sobejo.

O que dizeis é mal muito sabido,
Pois nem se esconde nem procura ensejo,
Em vosso olhar, severo ou distraído,
E anda à vista naquilo que mais vejo.

Tudo quanto afirmais eu mesmo alego:
Ao meu amor desamparado e triste
Toda a esperança de alcançar-vos nego.

Digo-lhe quanto sei, mas ele insiste;
Conto-lhe o mal que vejo, e ele, que é cego,
Põe-se a sonhar o bem que não existe.


(Vicente de Carvalho)

Envelhecendo


Tomba às vezes meu ser. De tropeço a tropeço,
Unidos, alma e corpo, ambos rolando vão.
É o abismo e eu não sei se cresço ou se decresço,
À proporção do mal, do bem à proporção.

Sobe às vezes meu ser. De arremesso a arremesso,
Unidos, estro e pulso, ambos fogem ao chão
E eu ora encaro a luz, ora à luz estremeço.
E não sei onde o mal e o bem me levarão.

Fim, qual deles será? Qual deles é começo?
Prêmio, qual deles é? Qual deles é expiação?
Por qual deles ventura ou castigo mereço?

Ante o perpétuo sim, e ante o perpétuo não,
Do bem que sempre fiz, nunca busquei o preço,
Do mal que nunca fiz, sofro a condenação.


(Emílio de Menezes)

As Pombas


Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
Das pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sangüinea e fresca a madrugada.

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam
Os sonhos, um a um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.


(Raimundo Correia)

Mal Secreto


Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!


(Raimundo Correia)

2 de jun. de 2013

Transit


Tu és dona de mim, tu me pertences,
e, neste delicioso cativeiro,
não queres crer que, ingrato e bandoleiro,
possa eu noutra pensar, ou noutro penses.

Doce cuidado meu, não te convences
de que tudo na terra é passageiro,
frívolo, fútil, rápido, ligeiro,
e a pertinácia do erro teu não vences!

Num belo dia - hás de tu ver - desaba
esta velha afeição, funda e comprida,
que tanta gente nos inveja e gaba...

Choras? Para que lágrimas, querida?
Naturalmente o amor também se acaba,
como tudo se acaba nesta vida.


(Artur Azevedo)

1 de jun. de 2013

A Instabilidade das Cousas do Mundo


Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
 
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.


(Gregório de Matos)

Soneto


Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.

O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ousadas,
Do que anda só o engenho mais profundo.

Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.

O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco cos demais, que só, sisudo.


(Gregório de Matos)

Ao Braço do Mesmo Menino Jesus quando Appareceo


O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.
 
Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica o todo.
 
O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.
 
Não se sabendo parte deste todo,
Um braço, que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo


(Gregório de Matos)
 

Define a Sua Cidade

(...)

De dois ff se compõe esta cidade a meu ver: um furtar, outro foder.

(...)  

- Gregório de Matos

Anjo Bento


Destes que campam no mundo
Sem ter engenho profundo
E, entre gabos dos amigos,
Os vemos em papafigos
Sem tempestade, nem vento:
 
Anjo Bento!
 
De quem com letras secretas
Tudo o que alcança é por tretas,
Baculejando sem pejo,
Por matar o seu desejo,
Desde a manhã té à tarde:
 
Deus me guarde!
 
Do que passeia farfante,
Muito prezado de amante,
Por fora luvas, galões,
Insígnias, armas, bastões,
Por dentro pão bolorento:
 
Anjo Bento!
 
Destes beatos fingidos,
Cabisbaixos, encolhidos,
Por dentro fatais maganos,
Sendo nas caras uns Janos:
Que fazem do vício alarde:
 
Deus me guarde!
 
Que vejamos teso andar
Quem mal sabe engatinhar,
Muito inteiro e presumido,
Ficando o outro abatido
Com maior merecimento:
 
Anjo Bento!
 
Destes avaros mofinos,
Que põem na mesa pepinos,
De toda a iguaria isenta,
Com seu limão e pimenta,
Porque diz que o queima e arde:
Deus me guarde!


(Gregório de Matos)

Melancholia


the history of melancholia
includes all of us.
me, I writhe in dirty sheets
while staring at blue walls
and nothing.
I have gotten so used to melancholia
that
I greet it like an old
friend.
I will now do 15 minutes of grieving
for the lost redhead,
I tell the gods.
I do it and feel quite bad
quite sad,
then I rise
CLEANSED
even though nothing
is solved.
that’s what I get for kicking
religion in the ass.
I should have kicked the redhead
in the ass
where her brains and her bread and
butter are
at …
but, no, I’ve felt sad
about everything:
the lost redhead was just another
smash in a lifelong
loss …
I listen to drums on the radio now
and grin.
there is something wrong with me
besides
melancholia.


(Charles Bukowski)

31 de mai. de 2013

Vulva, Kant, e uma casa feliz


- nós estamos num país livre, eu...
- não estamos, não senhor. é um país onde tudo se compra, se vende, se possui.


(Charles Bukowski)

30 de mai. de 2013

Consolo na Praia


Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens cão.

Algumas palavras duras,
Em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humor?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
Murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez nas águas,
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.


(Carlos Drummond de Andrade)

Fangela
















Fangela
Look at me
All is yours till the morning comes

Fangela
Look and see
Feast your eyes on a winded world

You've gotta move

You've gotta move

You've gotta move!


(Here We Go Magic)

22 de mai. de 2013

Sonho Humilde


Assim te quero amar; quero adorar-te assim,
sempre de joelhos, sempre, ó mármore sagrado;
e que teu corpo ideal não seja, para mim,
mais que um horto de sonho, ou que um jardim fechado.

Em todo amor defeso há um encanto sem fim,
que o faz extreme e leal, lúcido e iluminado:
A mulher que se adora é a Torre de Marfim,
mais alta do que o mal, para além do pecado.

O amor deve viver perpetuado no sonho!
Só desejar é bom: Possuir é renunciar
à ilusão, que nos torna o desejo risonho.

Ter só teu corpo é ter um tesouro maldito;
mas, possuir-te na alma e adorar-te no olhar,
é ter o céu inteiro, é ter todo o infinito! 



(Alceu Wamosy, 1895 - 1923)
 

Idealizando a Morte


Morrer por uma tarde assim como esta tarde,
fim de dia outonal, tristonho e doloroso,
quando o lago adormece e o vento está em repouso,
e a lâmpada do sol no altar do céu não arde.

Morrer ouvindo a voz de minha mãe e a tua
rezando a mesma prece, ao pé do mesmo santo,
vós ambas tendo o olhar estrelado de pranto,
e no rosto e nas mãos palidezes de lua.

Morrer com a placidez de uma flor que se corte,
com a mansidão de um sol que desce no horizonte,
sentindo a unção do vosso beijo ungir-me a fronte
— beijo de noiva e mãe, irmanados na morte.

E morrer... e levar com a vida que se trunca,
tudo que de doçura e amargor teve a vida:
o sonho enfermo, a glória obscura, a fé perdida,
e o segredo de amor, que não te disse, nunca! 



(Alceu Wamosy, 1895 - 1923)

21 de mai. de 2013

10/03/1854 - 23/11/1909


- A natureza tem sanções felizes,
rodeia o mal de penas pouco leves;
assim, tú tens de ouvir tudo que dizes,
e tens de ler também tudo o que escreves.


(Lúcio de Mendonça)

No Trem de Ferro

















Vinha sentado gravemente, mudo,
D'olhos baixos, obeso e venerando,

Mãos cruzadas no ventre, ruminando
Velhas rezas ou santo e duro estudo.

Ergue tímido o olhar, triste; contudo,
É paternal e bom; de quando em quando
Ao céu o volve, ao céu que vai passando
Pelas vidraças, empoeirado. Tudo

Nele respira a fé e cheira a igreja.
Por todos os seus poros Deus poreja.
Do seu breviário agora passa as folhas.

Pio varão! para este já começa
O reino do Senhor!... mas sai à pressa
E cai-lhe da batina — um saca-rolhas!



(Lúcio de Mendonça)

2 de abr. de 2013

Dicionário do Dia




Morsegar = Morder, arrancar.

Morsegão = Mordida.

Quincas Berro D'Água


"Sete Palmos de Terra, não vão me encarcerar! 
Vagueio o sabor das ondas, num leito de espuma do mar. 
Nem no céu, nem no inferno, é no mar que eu vou morar! 
Esperando Emanuela, no colo de Iemanjá. 
Tristeza não paga divida, é ditado bem conhecido: 
só tem que chorar a morte quem morreu sem ter vivido. 
Podem guardar seu caixão para melhor ocasião, 
não vou me deixar prender amarrado no chão. 
Me enterre como entender, na hora que resolver, 
não quero choro nem prece, não quero vela nem ando, 
pode enfiar tudo isso: no cu do comendador."

13 de mar. de 2013

Ao Governador António Luíz


Sal, cal e alho
caiam no teu maldito caralho. Amém.
O fogo de Sodoma e de Gomorra
em cinza te reduzam essa porra. Amém.
Tudo em fogo arda. Tu, e teus filhos, e o Capitão da Guarda.


(Gregório de Matos)

A Jesus Cristo Nosso Senhor


Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
de vossa alta clemência me despido;
porque quanto mais tenho delinqüido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto um pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido,
vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma orelha perdida e já cobrada,
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,

eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha a vossa glória.


(Gregório de Matos)

Soneto



Formoso Tejo meu, quam diferente
Te vejo e vi, me vês agora e viste!
Turvo te vejo a ti, tu a mim triste;
Claro te vi eu já, tu a mim contente.

A ti foi-te trocando a grossa enchente,
A quem teu largo campo não resiste;
A mim trocou-me a vista, em que consiste
Meu viver contente ou descontente.

Já que somos no mal participantes,
Sejamo-lo no bem. Ah quem me dera
Que fossemos em tudo semelhantes!

Lá virá então a fresca primavera;
Tu tornarás a ser quem eras d'antes,
Eu não sei se serei quem d'antes era!


(Francisco Rodrigues Lobo)

13 de fev. de 2013

Alucinação


No baile, esbelta e branca, o seu olhar nevoento
Fitou-me; e como à pluma arrasta a ventania,
Insano amor, paixão de morte, num momento,
Minha alma arremessou num inferno de agonia...

Falei-lhe, foi delírio e clamor de lamento;
Quis vê-la em seu palácio, e a Esfinge altiva e fria,
Com a sombra de um sorriso e um vago gesto lento,
“O seu palácio, diz, somente a morte o abria.”

Sigo-a perdido e louco, em seu jardim me oculto,
Vejo-a entrar no castelo e sumir-se o seu vulto;
Tento alcançá-la, corro; acho aberta uma porta,

Entro, a sala é mortuária, em torno o crepe esvoaça.
– “Onde a Senhora? – Indago a um fâmulo que passa.
– “Repousa em terra santa. Há dous dias que é morta”...


(Victor Silva)

Solar Encantado


Só, dominando no alto a alpestre serrania,
Entre alcantis, e ao pé de um rio majestoso,
Dorme quedo na névoa o solar misterioso,
Encerrado no horror de uma lenda sombria.

Ouve-se à noite, em torno, um clamor lamentoso,
Piam aves de agouro, estruge a ventania,
E brilhando no chão por sobre a relva fria,
Correm chamas sutis de um fulgor nebuloso.

Dentro um luxo funéreo. O silêncio por tudo...
Apenas, alta noite, uma sombra de leve
Agita-se a tremer nas trevas de veludo...

Ouve-se, acaso, então, vaguíssimo suspiro,
E na sala, espalhando um clarão cor de neve,
Resvala como um sopro o vulto de um vampiro.


(Victor Silva)

O Farol


Na amplidão do mar alto entre as vagas se apruma
O vulto do farol como uma sentinela;
Estardalhaça o vento, e a rugir se encapela
A água negra do mar em turbilhões de espuma.

Enche a trágica noite, atroa e se avoluma
Um insano clamor nas asas da procela: É a morte!
E ao temporal que as vagas atropela
Rodopiam as naus na escuridão da bruma.

Mas, súbito um clarão a espessa treva inflama,
Acende o mar bravio, ilumina os escolhos,
E guia o rumo às naus contra os parcéis da morte...

É a vida! É o farol que escancarando os olhos,
Vira e revira em torno as órbitas de chama,
Ora ao Norte, ora ao Sul, ora ao Sul, ora ao Norte...


(Victor Silva)

6 de fev. de 2013

Um enevoamento extasiado


Um enevoamento extasiado
Grassa na matéria
Minha existência cansada

Chove da vida a lonjura
Imo de chovido permanecer
Gota d'água a cair pesada

E a nebulosidade na delonga
Faz pensar qué cavo esse viver;

Do SONHO toda a mironga
De quem a graça é se perder


(Cássio D. Versus)

Veracidade


"Poeta humano, egoísta, e presunçoso, a vangloriar o pôr-do-sol com suas rimas, que para muitos representa o fim da noite. Poeta humano, qu'é reles e indecoroso, a envaidecer a especiosidade do verão despencado, que para muitos tomba como desvairada seca. Amaldiçoado seja o poeta humano, sem profundezas realísticas, a versejar o vento leve que sopra em suas pestanas, sem vê-lo transformar-se no tufão que devasta as campinas. Poeta humano, eternamente esnobe com seu nojoso complexo de superioridade virtuosa, a poetisar e silenciar, em covardes louvores de palavras esnobes, a mulher amada, que para outro talvez valha muito mais que um poema..."


(Cássio D. Versus)

Arahant




Sozinho
é ninho
de inho
sem dó

Sozinho
é adivinho
de alinho
sem nó

Sozinho
é figueirinho
de alvarinho
sem aló

Sozinho
é meirinho
de ribeirinho
sem dató

Sozinho
é caminho
de alinho
sem godó


só só
só só só
só só só só
só só só só só
só só só só só só

tá feita a minha casa


(Cássio D. Versus)