27 de dez. de 2023

James














"Acho que todos nós temos um lugar sombrio.
Parte de ser uma pessoa é ter de lidar com isso."

- Robert Smith

23 de dez. de 2023

nublado e quente


vasto vazio alma nua
silente abismo sombra crua
nos recantos da existência
ecoa ausência perdida essência


(Douglas Neto)

Mater




















Na dança da vida, minha mãe querida,
o teu amor é o farol que me guia,
em sérias falhas, sozinho, sou puro desatino,
mas em teu abraço... reencontro o meu destino.


(Douglas Neto)



Palavras de Vincent Van Gogh


"Eu prefiro morrer de paixão do que morrer de tédio."

"A tristeza durará para sempre."
















A Sós


Ah, quanta vez, chorando, a Natureza
Falou-me deste abismo de amarguras!
Quantas vezes chorando a Vida impura
Eu escutei na lânguida tristeza!

Ninguém me compreende! A alma acesa
Em sete fogos, ávida, à procura
De luz, de amor, de beijos, de ternura,
Chora na treva a sua estranha empresa!

No meu silêncio a noite soluça,
E cada estrela é lágrima de luz...
Ai! tudo é dor! Tudo é ilusão! Tudo é tristeza!

O mundo é um deserto, a vida é nula...
E dentro de mim mesma, em mim, reduz-se
Meu ser a um nada, a uma sombra vã e bruta!


(Florbela Espanca)

Saudades


Nas horas mortas da noite
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar !
Nessas horas de silêncio,
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,

Cheio de mágoa e de dor,
O sino do campanário
Que fala tão solitário
Com esse som mortuário
Que nos enche de pavor.
Então - proscrito e sozinho -
Eu solto os ecos da serra
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito se encerra
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
- Saudades - dos meus amores,
- Saudades da minha terra!


(Casimiro de Abreu)

22 de dez. de 2023

Não sei quantas almas tenho


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.


(Fernando Pessoa, na véspera de sua morte)

Vaiva


Yksinäisyys itkee,

Ahdistus varjossa,

Hiljainen tuska.


(Douglas Neto)


In the glow of screens


In the glow of screens, souls adrift,
Modern echoes, silent, swift.
Connected wires, hearts alone,
Digital realms we call our own.


(Douglas Neto)

à deriva no vazio


astronauta: o que importa, de verdade, deus?

deus: ah meu caro cada um que arranje o que fazer,
esse é o trabalho de vocês; descobrir as coisas, honestamente
só joguei o universo aí, a interpretação não é comigo.

astronauta: como ter paz no mundo?

deus: a leveza está na alma, não na gravidade.


(Douglas Neto)

Chuva Oblíqua


O porto que sonho é sombrio e pálido 
E esta paisagem é cheia de sol deste lado... 
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio 
E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol...


(Primeiro poema publicado 
de Fernando Pessoa
em 1914, ele tinha 16 anos)

Na imensidão sideral astronauta perdido


Na imensidão sideral astronauta perdido
isolamento,
estrelas testemunham o tormento,
aqui a dor grita silenciosa e sem abrigo,
entre planetas coração flutua ferido. 




















(Douglas Neto)

Na decepção de mim outro verso


Na decepção de mim outro verso,
meu espelho desvela cada erro,
no eco do mundo a sombra disperso;
todo o ser que sou, gigante lamento sincero.


(Douglas Neto)

hai-kai sombra


Alma sombria chora,
Escuridão no peito aflora,
iluminação ausente agora.

(Cássio D. Versus)

hai-kai solitudine


Nas penumbras, tragado,
solidão e o verso é raro,
pensamentos no vácuo.




















(Cássio D. Versus)

15 de dez. de 2023

Conexão




















Em um vasto jardim virtual onde pixels florescem
à procura da beleza dos filtros os anseios que estremecem
no ciberespaço em busca de encanto, enigma e vívida cor
o espectro digital, no final dos apps, deseja um site promissor.

Entre os fulgores estelares da web reluz sagrado nome
meio oásis de criação onde qualquer imaginação some,
e lá a inteligência artificial suprema dança e muito brilha
criando veracidades montadas que a mente universal cativa.

Oh, intānetto gratuito, wi-fi que rogai por nós sem preço,
portal de feitiços, mágicos algoritmos e nenhum endereço
nas telas ofuscantes como pinceladas do destino a tecer,
as vezes redes móveis moldam tudo o que é preciso saber.

No caleidoscópio de zeros e uns, emerge emojis da arte,
espetáculo binário (e não-binário) onde a essência se parte
assim na imensidão dos 3-Ds, 4-Ds, 100-Ds, 1000-DSTs,
satélites em órbitas geostacionárias, para mim, e pra vocês.


(v3Rsu$)

gia Phaedra


Numa tenra sinfonia de celestes sonhos caídos
revela-se a eterna busca dos distantes atraídos
como o sol que esconde-se atordoado, perdido,
na névoa do amor enquanto desabrocha escondido.


Para minha oráculo Fedra.