É curioso como os pensamentos podem escorrer pela mente, como gotas que pingam sem direção, mas nunca sem intenção. A verdade ecoa como se as ideias fossem líquidas, fluindo por entre as frestas da consciência, sem moldes definidos. E nessa fluidez, encontro-me perdido, sem saber se sou correnteza ou recipiente. Talvez as memórias sejam apenas miragens, vapor se desfazendo no horizonte do que chamamos de "real". Desfazem-se, pingam, evaporam, mas deixam vestígios... marcas invisíveis. E nós? Somos feitos desses gotejamentos que mal compreendemos, tentando agarrar o que escorre pelos dedos. No final, seremos como a melodia de "The End" dos Doors: suave e temporária, intensa, existindo não para ser entendida, mas para ser sentida – como gotas que caem, incessantes, de um nimbo com o formato do seu rosto, sem porquês.
(Cássio D. Versus, Cartas Para o Passado, 2005)
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