28 de out. de 2014

Soneto


(Ao Conde de Ericeira, D. Luis de Meneses,
pedindo louvores ao poeta não lhe achando ele préstimo algum)


Um soneto começo em vosso gabo;
Contemos esta regra por primeira,
Já lá vão duas, e esta é a terceira,
Já este quartetinho está no cabo.

Na quinta torce a porca o rabo:
A sexta vá também desta maneira,
Na sétima entra já com grã canseira,
E saio dos quartetos muito brabo.

Agora nos tercetos que direi?
Direi, que vós, Senhor, a mim me honrais,
Gabando-vos a vós, e eu fico um Rei.

Nesta vida um soneto já ditei,
Se desta agora escapo, nunca mais;
Louvado seja Deus, que o acabei.


(Gregório de  Matos)

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