8 de out. de 2014

Sobre as Mágicas


Ser um morcego
e estender as ansiosas asas de pele
através da noite!
Que me importa teu nojo?
certamente não entraria em tua casa
nem em casa alguma;
iria sim
pelas torres escuras,
pelas copas das árvores,
folhas, folhas,
frutos...
iria pela noite dos desejos e dos bruxos
onde os homens dormem.
Quem me importam os homens?
que me importam?
Importa o vôo,
a miragem
e o cheiro dos insetos
invadindo meu focinho,
enquanto a brisa fresca vai
acariciando-me as pulgas do pelo,
companheiras
na solidão eqüina.
As caretas, as vozes guturais,
o pipilar, os cumes, os hiatos,
os mergulhos no vazio
o calendário das seivas
e das beberragens...
Amanhã, a madrugada
apareceria sem pena de nós;
o "eu" morcego entraria
num sacrário de pedras
para dormir com seus irmãos,
todos de ponta cabeça,
pendurados
sobre as mágicas.


(Eloah Margoni de Souza, Campos - RJ)

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