Para onde seguirão os mortos de amor,
os silenciosos que o inverno expulsou da haste
e no oceano se perderam, em tamanha navegação?
Para onde seguirão, de bruma vendados,
esses, os amantes da noite, calados
sob o teto de cipreste
e a colcha de tépido azul?
Lágrimas de mármore choram.
Flores de mármore respiram.
As palavras,
deixaram para os que são da terra
e nela permanecem, enraizados,
que eles, os mortos, se comunicam
pelas nuvens, como os raios.
É grande o mundo. Contudo ficastes
ao relento do vosso amor desencadeado.
Nenhuma varanda para a vossa imaginária serenata.
Olhai as dunas,
que seriam vosso travesseiro,
as conchas,
remetendo ao mar vosso recado inviolado.
Olhai as grutas, as quintas, as fontes,
os jardins, intocados e eternos,
as estradas só povoadas de estrelas!
Hoje o girassol, relógio sonolento,
marca as horas do nunca despertar
e a chegada das andorinhas,
pesadas de azul e primavera.
Enquanto a chuva molha vossos sonhos,
eu contemplo vossa face definitiva
e balanço a rede
na praia infinita onde repousais.
("Elegias", Yone Rodrigues)
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