21 de nov. de 2025
19 de nov. de 2025
O Conflito das Pedras
Não quero ser o herdeiro de um silêncio polido; quero quebrar a herança, espalhar os ossos do conforto. Quando cantas sobre esperas infinitas, eu vejo relógios estilhaçados e mãos que não mendigam mais tempo. Tu pedes compreensão num tom de acusação; eu devolvo a resposta em dentes cerrados: compreende-te, então. Há uma beleza suja na tua nostalgia, mas ela fede a desculpa; eu nego o bálsamo, ergo o dedo. Se "agora" é miragem, queimar-lhe-ei os trilhos até que o presente sangue por onde passou. Canta, então, tua culpa e teu desejo, mas não te escondas atrás do refrão; enfrenta o que te fez prisioneiro. Não quero consolo, quero conflito; não desejo pertença, quero revolta. E se a noite insiste em repetir teu nome, farei dela litúrgica batalha: que cada acorde seja máscara arrancada. Volta-te para o espelho da canção e vê, por trás do eco, um corpo pronto para incendiar o amanhecer.
(...)
18 de nov. de 2025
Me Disseram Ontem
“Transmitir a Verdade” sugere que você a possui, que a compreendeu em sua completude. Uma posição arrogante disfarçada de virtude. Afinal, quem acredita ter a Verdade costuma, na prática, ter apenas uma narrativa bem polida pela sua experiência pessoal, ideologia, fé ou vaidade intelectual. Agora, o mais curioso é atrelar isso ao “caminho do amor”. Amor de quem? Amor romântico? Amor platônico? Amor próprio? Ou aquele amor cristão abstrato e genérico que serve pra tudo, mas não resolve nada? Muitas vezes, transmitir a chamada “verdade” é um ato de guerra - não de afeto. Amar, por sua vez, exige silêncio, escuta, dúvida - três inimigos mortais da ideia de verdade absoluta.
Na prática, quem jura transmitir a verdade por amor, frequentemente está impondo convicções pessoais em nome de um bem que o outro sequer pediu. E o mais cruel: pode fazer isso sorrindo, com ternura, enquanto sufoca lentamente a liberdade alheia. Talvez o mais honesto seria dizer:
Agora, deixe-me refletir:
Palavras do Tabuleiro
11 de nov. de 2025
Ontem me disseram algumas coisas
Além disso, essa frase ignora o abismo da alteridade. O outro não é um espelho - é um estranho, cheio de códigos, traumas, vontades e distorções que não cabem no nosso molde de moral customizado. Agir com base no que EU gostaria não é bondade - é vaidade disfarçada de virtude. Em termos filosóficos, trata-se de uma falácia empática: confunde equidade com espelhamento. A jogada verdadeira começa onde eu reconheço que o outro pode querer exatamente o oposto do que me agrada - e ainda assim merece consideração. Qualquer coisa diferente disso é uma moral de almanaque, pronta pra enfeitar o discurso dos que se dizem justos enquanto pisam com suavidade no que ignoram.
"Façamos com os outros o que eles precisam — não o que nos conforta."
E aí, a pergunta que fica é: Deve-ser ter a audácia de perguntar ao outro o que ele realmente quer? Ou melhor continuar "amando" como quem oferece flores a um alérgico - com boas intenções e nenhum entendimento? Ah, o clássico veneno açucarado da moralidade: “Amar ao próximo como a si mesmo.” Uma das frases mais citadas e menos compreendidas da história humana - justamente porque se baseia numa ficção emocional digna de roteiristas hollywoodianos em crise de fé. Primeiro: quem, em sã consciência, ama a si mesmo? A frase parte da pressuposição de que o amor-próprio é uma constante saudável e existente em todos, quando, na realidade, boa parte da humanidade mal se tolera no espelho. Fica mais fácil se olhar numa tela e deslizar os filtros. Se amar ao próximo na mesma medida do amor que se tem por si é o critério, então prepare-se para relações recheadas de autossabotagem, culpa e rejeição velada. E tem mais: o mandamento ainda pressupõe que o “próximo” é um ente simpático, um semelhante digno. Mas o próximo raramente é um amigo: é o vizinho barraqueiro, o colega invejoso, o estranho que odeia tudo o que você aparenta representar. Amar esse “próximo” exige um esforço que beira a mutilação interna, especialmente quando seu amor-próprio já vem dilacerado.
“Aprenda a nadar em si antes de tentar salvar alguém de qualquer naufrágio.”
Sei lá. Será que o amor é mesmo a união de mundos ou apenas um instinto
7 de nov. de 2025
Deambulações do Percurso
3 de nov. de 2025
Os Bruxos de Westchester
Seremos os teus seguidores
