Estava em um templo, não daqueles antigos, mas algo híbrido: arquitetura fria, metálica, com vitrines ao invés de vitrais. O púlpito era suspenso, como uma plataforma flutuante. Lá estava ele: um pastor evangélico. Roupa social, microfone sem fio, olhos em transe. Ele não falava em português, nem em qualquer língua terrestre, mas eu compreendia (como se o sentido fosse direto à consciência). A platéia... não eram humanos. Eram seres altos, sem boca visível, olhos negros e pele azul-acinzentada, fosca, como o céu de um planeta cansado. E, estranhamente, estavam atentos. Sérios. Alguns até... emocionados? O pastor bradava sobre salvação. Dizia que Jesus não era exclusivo da Terra, mas um emissário cósmico, enviado para corrigir o “erro do livre-arbítrio disseminado pelo universo”. Ele falava de Lúcifer como um programador rebelde. Citava passagens bíblicas como se fossem coordenadas estelares. Num momento, ergueu uma Bíblia (que brilhava com uma luz dourada que pulsava como coração). E os alienígenas começaram a emitir um som gutural. Parecia um cântico. Em uníssono. O sonho terminou com todos ajoelhados, inclusive o pastor, em silêncio total. Algo estava chegando do céu, não uma nave, mas uma presença. E antes que ela descesse, acordei.
(Diário de Bordo, 01/11/25)
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