Uma incrível paisagem se descortina
especialmente para mim,
toda a monotonia sofrida até agora
parece ter valido a pena.
Me revelo um vale de trevas de origem glacial com altas escarpas de granito escarlate formando muros e paredes de dois mil metros de altitude, a minha tristeza formou deslumbrantes cachoeiras e rios encantadoramente mágicos de trechos em trechos, de página em página, águas cristalinas (especialmente de agosto a outubro). Uma fauna própria de monstros bestiais em convívio quase harmônico com aureoladas criaturas angelicais, flora silvestre com as mais hipnóticas flores e os melhores e mais doces venenos inéditos ao povo de cima. A cada ano cerca de 3.000 pessoas são enterradas aqui, ou levadas pelas verdes correntezas das diversas travessias. Há vinículas para os bem-vindos e uma especial hospitalidade com direito a cortesias insubstituíveis. É mais que alma este cenário abstrato surgido há milhões de anos antes da própria vida se manifestar através de luzes e relâmpagos. Eis-me no ventre sagrado, o embrião divino de onde as maravilhas da noite são expelidas com toda a perfeição das infinitudes. Idílio. Paisagens que engolem características e circunstâncias. Lembro que até a primeira metade do século 19, o impossível era subir até os montes sacros de madeira e pele seca de fora do nosso círculo.
Escrevo agora esta carta de fora do nosso círculo.
Para outros que saíram, por curiosidade, por ventura,
à procura de novidades, à procura de movimentos,
por sede de conhecimento, ou por deuses de algum olimpo.
Encontrem-se e ajudem-se. Estamos todos muito famintos.
PS: Yosemite: "Aqueles que matam." Nome dado pela tribo miwok.
(D. Versus)
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