15 de jun. de 2025

Ébano

Tu me chamaste de sol,
mas foste tu quem incendiou o céu da minha calma.
Tuas mãos escreveram meus versos no ar,
mas tuas promessas se apagaram antes de tocarem o chão.

O que houve entre nós não morreu —
ainda respira nos cantos empoeirados do meu peito,
como um cão velho que não entende o abandono,
mas ainda late quando escuta teu nome.

Tu falas da minha sombra em outros corpos,
mas eu...

eu tentei te arrancar de mim 
com a mesma urgência com que te amei.

Falhei.
Porque certas raízes crescem para dentro.
E sangram.

Ficaste com os nossos sonhos —
eu?
Fiquei com os restos:
os perfumes fantasmas,
as silenciosidades pesando mais que qualquer grito,
e aquela maldita música que toca
toda vez que finjo ter superado o inevitável.

E mesmo assim...
se um dia tua saudade aprender a pedir desculpas,
volta.
Nem que seja só para olhar nos meus olhos e ver
o que sobrou da abóbada celeste que tu escureceste.


(D. Versus)

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