13 de fev. de 2013
Alucinação
No baile, esbelta e branca, o seu olhar nevoento
Fitou-me; e como à pluma arrasta a ventania,
Insano amor, paixão de morte, num momento,
Minha alma arremessou num inferno de agonia...
Falei-lhe, foi delírio e clamor de lamento;
Quis vê-la em seu palácio, e a Esfinge altiva e fria,
Com a sombra de um sorriso e um vago gesto lento,
“O seu palácio, diz, somente a morte o abria.”
Sigo-a perdido e louco, em seu jardim me oculto,
Vejo-a entrar no castelo e sumir-se o seu vulto;
Tento alcançá-la, corro; acho aberta uma porta,
Entro, a sala é mortuária, em torno o crepe esvoaça.
– “Onde a Senhora? – Indago a um fâmulo que passa.
– “Repousa em terra santa. Há dous dias que é morta”...
(Victor Silva)
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