Bússola e Canivete

Ganhei um estetoscópio e um canivete suíço Victorinox do meu pai quando fiz 5 anos de idade. Einstein ganhou do seu pai uma bússola na mesma idade. Ficou fascinado pela ideia de um campo magnético invisível que fazia a agulha se mover. Terceira função para uma agulha, as outras duas são: costurar roupas e costurar bocas de visitantes espalhafatosos. Ele dizia que essa ideia dos campos norteava a sua vida (inclusive está por trás da maioria de suas teorias). Nunca quis me formar. Coisa que Einstein fez aos 21 anos (1900) pela Universidade Politécnica de Zurique numa época em que as oportunidades para um judeu na Alemanha já não estava como antes. Como professor ficou sem emprego e relutava em trabalhar na modesta fábrica de geradores da sua família. Teria ele escolhido certo em querer se tornar um físico? A vida fica mais real conforme o aperto e os sonhos se fortalecem. Acabou conseguindo trabalhar como analista no escritório de patentes da Suíça, em Berna. Cem anos depois de sua formatura matei um felino sem querer com uma tábua de madeira. Com um salário tranquilo e uma rotina empolgante, analisando inventos, teorizando, vagabundando com a cabeça cheia, por fim criou um grupinho no Whatsapp sobre estudos de filosofia e ciências com amigos de dentro e fora da academia. Depois passou a publicar suas ideias que logo o tornaram respeitado a ponto de conquistar uma vaga de professor assistente na universidade de Zurique, em 1909. Quatro anos depois de publicada a Teoria da Relatividade Restrita. Cem anos depois conheci uma garota chamada Branca, precisei me afastar ao descobrir suas intenções vampíricas. Muitas pessoas negativas procuram a obscuridade enquanto a mesma tenta afastá-las. Engraçado, estou começando a esquecer os nomes e a entender a paranóia egocêntrica de querer apreciar souvenirs de eventos passados e prazerosamente violentos.

(Cássio D. Versus, 2016)