Eu quis a palavra reta
feito faca.
Eu fiz do verso o corte brando
do metal.
O lento sal dos anos
não lhe roube o fio.
O inimigo não possa
empunhá-lo durante a luta.
Se o carrasco, algum dia,
levar aos lábios meu poema,
o vidro claro do verso
lhe corte a boca.
E a palavra não se renda
à tortura.
E quando eu disser: pedra,
não se entenda pão.
Quando eu disser: noite,
se encontre nela todo poder de treva.
Quando eu disser: eis o inimigo,
mate-o antes do amanhecer.
(Do livro "Poemas do Povo da Noite", de Pedro Tierra)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Uive à vontade...