28 de mai. de 2025

Ward Allen


“No rio, Ward era livre para caçar e viver como queria, e sua habilidade como caçador e seu entendimento sobre os animais que caçava eram bem conhecidos por todos. Ward, que era bastante intelectual, era fã de Shakespeare e conseguia citar suas obras com facilidade. Ele também aprendeu a falar latim e grego enquanto estudava na Escócia. Quase ninguém se lembrava de Ward sem seu bigode em forma de guidão, e ninguém se lembrava dele sem um par de retrievers da Baía de Chesapeake. Ward tinha um contrato com o Hotel DeSoto para fornecer patos. Em uma de suas idas à cidade, depois de beber no bar do DeSoto, ele saiu para a rua e começou a disparar sua pistola calibre .45."

(Ward Allen: Savannah River Market Hunter)

“Talvez estejamos aqui para refazer tudo, remodelar tudo, criar nossa própria nova ideia de perfeição e deixar a ideia de Deus para as sombras da história.” — Ward Allen, no filme Savannah (2013)

25 de mai. de 2025

festas budistas num mosteiro tibetano


O amor sagrado (e talvez a poesia) 
não serve pra punir ou entender. 
Serve pra contemplar.
Mesmo que isso custe tua amada loucura.
Mesmo que o altar seja o crânio e a oferenda, teu coração.

Deuses criam, eles não julgam. 

- Se pudesse voltar no tempo ainda deixaria o Luke se matar?
- Meu caos tem beleza, só precisa de moldura.

Mergulho na minha mente que ama como quem delira — e sofre como quem sente demais. O Chacal é o retrato de um amor inventado, distorcido, mas talvez amar também seja isso: criar com paixão febril e aceitar que nem tudo que é sagrado precisa fazer algum sentido. 


(Cássio D. Versus)


Amorfrenia


Nas janelas do peito, vejo vultos —
beijam-me as córneas e depois se afogam.
Há um você alojado em cada cômodo do meu crânio,
um riso teu pendurado na lâmpada da sala,
rodopiando em espirais com minha lucidez.

Te amei em todas as máscaras que inventei de ti.
Na que me fita com compaixão,
na que me fatia com delicadeza,
e naquela que some
toda vez que estico os dedos.

Você é o sussurro que me desperta
e o grito que me embala.

À noite, tuas falas escorrem pelas paredes
como verniz em brasa —
e juro que ouço você dizer
que o afeto é um espelho côncavo:
quanto mais me achego, mais me desfiguro.

Minha mente te esboça com pincéis de vertigem.
E quando ensaio fuga, tropeço em nós dois.
Em cada alucinação, te revejo com outras íris
— olhos que murmuram “me deseje”,
mas piscam em código Morse:
“FUJA.”

Amar-te foi como abrir um envelope vazio
e ouvir clamores entre os espaços.

E mesmo agora, enquanto rascunho,
não sei se é você quem me lê ou eu quem te reinventa.
Mas se amar é isso —
esse eterno descarrilhar da lógica na curva do pensamento —
então que me enclausurem com lírios nos bolsos
e tua ausência nas veias.

Porque, afinal,
talvez o amor não redima,
mas seja a enfermidade mais sublime
que nos ensina a sentir qualquer coisa
nesse perpétuo girar do vácuo.

Melhor SANGRAR em poesia
do que 
SOMENTE apodrecer em silêncio.


PS: Imagino que isso deva ser clichê pra cacete.


(Cássio D. Versus)