Ah, quanta vez, chorando, a Natureza
Falou-me deste abismo de amarguras!
Quantas vezes chorando a Vida impura
Eu escutei na lânguida tristeza!
Ninguém me compreende! A alma acesa
Em sete fogos, ávida, à procura
De luz, de amor, de beijos, de ternura,
Chora na treva a sua estranha empresa!
No meu silêncio a noite soluça,
E cada estrela é lágrima de luz...
Ai! tudo é dor! Tudo é ilusão! Tudo é tristeza!
O mundo é um deserto, a vida é nula...
E dentro de mim mesma, em mim, reduz-se
Meu ser a um nada, a uma sombra vã e bruta!
(Florbela Espanca)
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