19 de mai. de 2018

Canto XIII


31. Estendi o braço e de um galho arranquei um ramo. E o tronco clamou: "Por que me partes?" Cobrindo-se logo de negro sangue, prosseguiu: "Por que me feres? Não possuis um mínimo de piedade? Em tempos idos fomos homens, hoje somos lenho, mas ainda quando fôssemos almas de serpente, menos cruel deverias ter a mão."

91. Da triste árvore partiu sopro rijo quem em voz humana isto fez ouvir: "Darei resposta breve e precisa. Quando homem violento, dominado pelo furor, voluntariamente apaga a sua vida, é atirado por Minos ao sétimo círculo. Cai, ao acaso, no meio da floresta, qual semente germina e se faz árvore, cuja fronde serve de pasto às Hárpias, as quais, provocando dor, a esta abrem a janela que são os gritos. No dia do Juízo Final, como os demais iremos procurar os nossos corpos sem que deles possamos jamais revestir-nos, pois não é justo recuperar o que em vida se rejeitou. Serão arrastados para aqui e permanecerão pendentes dos galhos da árvore na qual a alma está reclusa".


("A Divina Comédia", Dante)

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