22 de jul. de 2024

O Jovem


Do que não se pode alcançar, baste-nos o que temos desejado. 

Quanto mais feliz, mais breve é o tempo. 

- Plínio, o Jovem

21 de jul. de 2024

Frase(s) do Dia


"Eu costumava pensar que a pior coisa na vida era acabar sozinho. Não é. 
A pior coisa na vida é acabar com pessoas que fazem você se sentir sozinho. 

(...) 

"Todos que você encontra estão lutando uma batalha
que você não sabe nada a respeito. Seja gentil. Sempre." - Robin

15 de jul. de 2024

Darkness of Man


"O lance da vida é que não podemos escapar do destino, 
não importa em que caminho a gente ande.
Eu passei a minha vida tentando andar no caminho da luz 
e as trevas acabaram me engolindo."


- Russell Hatch
...

Rezei para muitos

 
Rezei para muitos, Francisco de Assis (ordens e ordens, franciscanos: dos Frades Menores, da Santa Clara, a Terceira, chega!), para Agostinho (recomendo "Confissões" e "A Cidade de Deus", queimaram o resto), para Tomás de Aquino (vá para "Summa Theologica"), João Crisóstomo (dispenso suas homilias e liturgia), Bento de Núrsia (Ordem Beneditina, Regra de São Bento, vida monástica, poupem-me!). Vicente de Paulo (invejável dedicação aos pobres e doentes mas me afastem das congregações!), João Bosco (vão com Deus, salesianos!), Pio de Pietrelcina (ligue +39 0882 410111), Inácio de Loyola (jesuítas, agradeçam aos estudantes parisienses!), Carlos Borromeu (reforma-me! Não quero educação crerical e muito menos a disciplina do seu implementador de decretos do Concílio de Trento).  

De repente, quanto as doutrinas, nem tento.


(Douglas Neto)
...

Estrada


"Você acredita no destino? Eu não. Eu acredito que o ser humano tem o poder e totais condições para estragar a sua própria vida sem a ajuda de ninguém. Tomando as decisões erradas nas horas impróprias, aliando-se a canalhas diversos, acreditando em heróis, crentes, e outros farsantes. Apaixonando-se por pessoas doentes ou de péssimo caráter e principalmente acreditando cegamente em sua própria inteligência, bondade, charme, sanidade e senso de justiça. Um grave erro." 

- Jorge Furtado, 1995 

14 de jul. de 2024

Lithium


é foda se medicar assim
só para conseguir alcançar o mínimo 
do que pode ser o melhor de mim 


(D. Versus)

13 de jul. de 2024

Novembro de Dois Mil e Dezoito


Hoje, mais maduro e consciente de meus erros, vejo como tua presença era uma luz em minha vida. E Deus, como detesto existências ensolaradas! Não há um dia sequer que não deseje voltar no tempo, corrigir minhas falhas e te fazer feliz como sempre mereceste; morta. Sinto tua falta em cada canto deste lar, em cada suspiro solitário das noites silenciosas, sei que teu espírito está presente, mas... não deveria ter me livrado de teu corpo. (...) O tempo, em vez de apagar meus sentimentos, os fez crescer. Cada lembrança de teus olhos, teu sorriso, tua voz suave co'aquele sotaque sulista, ecoa em minha mente como uma melodia distante, uma sinfonia que anseio reviver - depois de falecido. A vida sem ti tem sido um deserto de emoções destrutivas, e só a esperança de te encontrar novamente me dá forças para seguir adiante, cada vez mais adiante... pra bem longe de ti, Deus me livre os horrores dos amores! Reconheço agora, com a clareza que só a distância e a reflexão proporcionam, o quanto fui injusto comigo ao colocar-lhe em minha vida. Acredito que o destino, guiado pela mão divina, sábia ao léu, está tentando nos enlear novamente, como fios de um tecido que nunca deveria ter se rasgado. Por favor, rasgue os tecidos de nossas ligações internas. Há uma sincronia em nossos caminhos, uma insistência do universo em nos reunir. Precisamos LUTAR CONTRA O UNIVERSO! Tu sempre foste a melhor parte de mim, a peça que completa meu quebra-cabeça. Mas o mundo entende o sentido das peças deste inútil jogueto como partes triunfais de um desmontamento da criação cuja FORÇA DIVINA apenas deleta TUDO. Te peço, de coração aberto e sinceridade plena, uma nova chance, aos Deuses do Novo Mundo. Vamos construir juntos um futuro onde o amor a nós mesmos, amadurecido e fortalecido pelos desafios, possa florescer novamente, como um dia terá sido. Sei que minha vida é melhor com tua companhia, VAZIO mental, e cada momento contigo é uma bênção que não quero mais desperdiçar. Coisa e TAL...


("Uma Andarilha Gostosa", Douglas Neto)
...

12 de jul. de 2024

Fantasma no Baile dos Mascarados


abandono... essa maldita palavra amarga e tudo o que ela representa me mordendo os órgãos, corroendo minhas entranhas... amor, amizade, tudo desmoronou feito castelo de areia pisoteado por fedelhos imbecis. fui jogada para escanteio, como um cigarro apagado na sarjeta suja, e minhas memórias estão embolorando, esquecidas, como a melhor das leituras mofada no canto mais qualquer com suas páginas amareladas pelo tempo sem ninguém para ler nenhuma história... já não sou capaz de socializar. a solidão me mastigou e cuspiu sobras em frangalhos... meu sorriso virou uma máscara desgastada que uso para não assustar as poucas pessoas que ainda considero com a escuridão que habita meus olhos. vivo da merda de uma fachada rachada, sempre ocultando a podridão que consome meus fardos... a cada novo rosto, a cada nova tentativa de conexão sinto as cicatrizes abertas como lembrete, pulsando, recordando constantemente que não passo de um fantasma... uma alma penada em um baile a fantasia... a gritar que nada vale a pena. a esperança é um artigo de luxo na vitrine dos iludidos.. acredito que talvez seja algo reservado para aqueles que ainda são capazes de sonhar... meus sonhos foram triturados pela popular realidade cruel de uma prisão invisível... o que restou foi a rendição ao fato de que a novela que vivenciei com as cortinas fechadas sem aplausos ou direção não passou de um teste teatral de mau gosto para participar de uma peça demente no circo da cidade... então sigo perdida no labirinto do meu próprio inferno astral vagando pelo deserto das emoções mortas, esperando que o sol queime tudo, porque no fundo a felicidade é opióide e já cansei de ser a palhaça nesse show satânico tal de viver...

- desabafando antes de voltar para casa - Sofia
 

O Destruidor de Mestres


por favor, não me ache santo
- não é assim pra tanto -
sou sangue, cuspe e pranto


(D. Versus)
...

11 de jul. de 2024

(...)


- Todo homem é dono de seu próprio destino.
Disse alguém que não era dono nem da própria alma.


(D. Versus)

Vulcanólogos


Entre placas tectônicas, meu amor sublima,
Como magma fervente, teu olhar ilumina,
São sismos de carinho, abalos sísmicos assim,
Erupção piroclástica, nossa paixão ígnea sem fim.

Lábios crepitantes, são as flamas para me purificar,
Escaldante corpo-vulcão, determinado a erupcionar,
Com teu calor, luminífera rocha que se funde,
Nesse romance vulcânico, que meu coração se inunde!

Em teus braços, sou infinita lava, fluida e intensa,
Pois amar-te é viver em pérpetua incandescência.
Teu nome, gravado nos basaltos do meu rancoroso ser,
És a chama vívida de Héstia a despertar e me renascer!


(Cássio D. Versus)

Soneto Para Lilith


Lilith, penumbra de pureza augusta,
Por que Adão, ignóbil, te abandonou?
Se teu fulgor a essência interna ajusta,
Serias tu quem a verdade revelou.

De formosura obscura, musa absorta,
Tua coragem transcende o carnal,
Exploradora da senda que conforta,
Reino da mente, portal abissal.

Nas sombras do Éden, teu canto perdura,
Som submerso, ancestral, reverente,
Que o frágil Adão, por medo, censura.

Mas em ti, vejo a chama incandescente,
Que ao mundo mostra-se, oculta, encerra:
Tu és o enigma, a verdade na terra.


(Cássio D. Versus)
...

Desabafo

 
Eu te amo, 
mas isso não significa 
que eu posso te entender.


(D. Versus)
...

10 de jul. de 2024

centésimo nonagésimo segundo dia


Demônio: (com um olhar perdido) Por que existo, afinal? Qual o propósito de uma entidade como eu, condenado à escuridão e ao caos pérpetuo?

Deus: (sereno, mas conciso) Lembras-te, meu caro, de que tu foste um anjo, uma criatura de luz e pureza. O teu ser não se limita aos chifres e à escuridão que agora carregas.

Demônio: (com um tom de desdém misturado à dor) Um anjo... isso parece uma memória distante, quase uma miragem. Como posso ter fé nas minhas asas quando tudo o que vejo são sombras e sofrimento?

Deus: (aproximando-se com compaixão) A fé não nasce da evidência, mas da confiança. As tuas asas estão aí, ocultas sob a tua própria descrença. A luz e a sombra são partes de um mesmo todo, não há criação sem destruição, nem redenção sem queda.

Demônio: (confuso, mas intrigado) E se a minha essência for realmente o descontrole? Como posso transcender aquilo que sou?

Deus: (sorrindo suavemente) O caos é apenas uma parte do universo, assim como a ordem. Tu tens o poder de escolher. Lembras-te, as asas que te foram dadas não desapareceram, apenas se dobraram sob o peso da tua própria dúvida. Desdobra-as, abraça a tua dualidade e encontrarás a verdadeira liberdade.

Demônio: (refletindo) Então, a fé em minhas asas é a chave para transcender minha própria escuridão?

Deus: (afirmativo) Exatamente. Fé nas asas que uma vez te elevaram e podem fazê-lo novamente. Não deixes que os chifres definam quem és, pois eles são apenas uma faceta de um ser muito mais vasto. A verdadeira essência é a possibilidade infinita, a escolha entre luz e sombra.

Demônio: (com um novo brilho no olhar castanho) Talvez... talvez haja mais em mim do que eu me permiti ver. Talvez eu possa encontrar um caminho, mesmo que seja feito de fragmentos de luz entre as penumbras.

Deus: (com um olhar de orgulho) Esse é o espírito. Lembra-te, não é a natureza da tua existência que te define, mas o que escolhes fazer com ela. A tua jornada é a tua redenção.


Do livro "Contam os Dias".
...

vou dizer o básico...


Ah, a vida! A vida é um palco onde todos nós somos meros atores, cada um com seu papel ridículo e sua máscara exagerada, viventes patéticos e louváveis, bando de iludidos. Esquecem que a vida é uma peça cômica cheia de reviravoltas inesperadas, tragédias mirabolantes e piadas irônicas, onde os heróis e vilões são ridicularizados e os tolos muitas vezes encontram sabedoria nas situações mais absurdas. Vivemos entre os deuses, os seres humanos e mais alguma coisa, rindo das nossas próprias desventuras e dos caprichos do destino tirano.  A vida, meus caros, é uma orgia sem censura do subgênero terrir, onde a alegria e o sofrimento se entrelaçam em uma impiedosa dança eterna. E, no fim das contas, talvez o melhor que podemos fazer é rir das nossas próprias desgraças, arrependimentos e erros, e celebrar os pequenos momentos de alegria e euforia que encontramos pelo tórrido caminho. Então, riam, brinquem, e não levem nada muito a sério, pois a vida é, afinal, a mais grandiosa e insensata das piadas contada pelo silêncio absoluto.


/Diário de Bordo/
 

Redescobrindo Persona e Centelha


Assim como Milune, encontrei-me a despencar na perdição do mundo das reflexões delirantes, nessa hora deixamos o tempo moldar e afiar nossas percepções em meio às celebrações que fizeram-me perceber como sou apaixonado por tuas curvas, silhueta, lábios com o gosto agridoce do ferro no teu sangue, queria devorar sua aura. Minha lucidez e fé estão renovadas, não importa o quão clichê isso possa aparentar. Estou adorando este passeio sobre as ruínas que outrora foram palco dos mais especiais espetáculos para os deuses urbanos. Meu renascimento espiritual não fez apenas reacender minha admiração ao Ocultismo como também intensificou poderosamente minhas observações e habilidade para os desafios dos monges. O que sempre importa é a criatividade, que repitam-se os elementos! Realize o meu sonho lentamente como qualquer outra tortura, o meu prazer é perigo que encontras pelo caminho, a minha satisfação pode ser o teu sangue escuro no muro sem lamentações. Conseguiria seguir o fluxo ou tal fluência lhe assusta devido ao mistério de sua natureza? O que teus instintos te orientam? Meu transe é a prática da respiração por sobrevivência, navegante sem mapeamento estimulado pela própria loucura que vive em constante comemoração, ode à arte da sombra ao fugir dos holofotes. É lânguido o decorrer.

(Diário de Bordo, D. Versus)

Aos 16/17


Segundamente, perdoe-me pela demora em responder, igualmente, achei que estivesse me punindo, rs. Não queria que minhas palavras fossem menos do que o momento merece, e encontrar as palavras certas para responder a uma carta tão tocante exige uma reflexão profunda. Até sobre mim mesmo. Ao som de um jazz solitário, nesse entardecer silencioso, leio e releio seus pensamentos. A maturidade que emana de cada linha sua é uma sinfonia que admiro profundamente com direito a leitura de partituras poéticas como a pena suave que o Grandioso usou para te escrever. É reconfortante saber que, mesmo nos desafios da vida adulta, você encontre espaço para que esse nosso universo compartilhado me aqueça a alma. Sempre que precisar de uma fuga dos dias monótonos e das responsabilidades, saiba que estarei aqui. Sou, como uma estrela errante em colisão com a fúria do cosmos, perdido no céu vasto, mas sempre brilhando para você, pronto para iluminar seus momentos de escuridão, embora eu mesmo permaneça inebriado de sombras nas grutas do meu satélite predileto. Sei que não sou o jardineiro perfeito ou no mínimo adequado para os seus campos floridos; sou mais como um vento indomável, imprevisível e um pouco louco e intenso demais. Mas, talvez, seja essa loucura que me faz admirar sua serenidade e força com tanta paixão. A inveja mais saudável. Espero que as ventanias inevitáveis da vida soprem sempre a seu favor, guiando-a por caminhos de felicidade e realizações. E se, em algum momento, você sentir falta de um pouco de caos e poesia, olhe para o céu noturno e lembre-se que há um corpo celeste brilhando somente para você.


(Cássio D. Versus, 2007)

7 de jul. de 2024

Reencontro


Suas palavras me envolvem como um enleio caloroso nesta madrugada fria aquecendo o meu conturbado coração com a promessa de uma possível constante presença tua. É indescritível a gratidão excitante que sinto por saber que, independentemente das (duras) circunstâncias, você está "aí" pra mim. Seus gestos de carinho e afetuosidade são bálsamo para a minha alma. Ao refletir sobre o tempo que passamos separados percebo violentamente o quanto se tornou essencial em minha vida. A amizade sagrada que construímos transcende qualquer barreira, Deus sopra a nosso favor e cada lembrança vívida de nossos momentos juntos me fortalece e me inspira a ser uma pessoa melhor.

Hoje, ao escrever para você, sinto-me renascido, iluminado pela clareza da fé e pela certeza de que nossos destinos estão entrelaçados (ou ensanduichados como diria Neimar de Barros). Assim como Eva Green, nossa madrinha (que aliás fez aniversário ontem, admiro a sintonia que ambas têm uma com a outra), já dizia; "só existem as provas de amor". A tua beleza e graça são as maiores provas de amor que a Natureza poderia conceder ao Universo, meus olhos apontavam frequentemente para a efemeridade dos papéis desnecessários/vitais destas peças humanas de tabuleiro arcaico (puído), até sentir a profundidade misericordiosa dos anjos e dos campos que me permitem ainda possuir a essência que me segura em virtudes deificadas, te vejo musa, presença que enriquece o meu espírito e abrilhanta meus dias.

A nossa conexão é laço indissolúvel. 
Sinto falta de você, de sua companhia, de seu riso, 
e acredito que o destino está a nosso favor.

Vamos permitir que toda essa agridoce distância se transforme em um caminho evolutivo de renascimento, firme retorno ao que somos de verdade: companheiros e cúmplices, amantes eternos. Estou aqui, de coração pleno e braços abertos, esperando por você, camponesa. Que nossa história seja escrita a partir de agora com a tinta sublime do amor e da compreensão, e que juntos encontremos as rédeas do equilíbrio enquanto ensaiamos a existência. 


Com muitas saudades, D. Versus. (2007)

6 de jul. de 2024

Revelação


Entreguei-me em palavras, nu e sem defesas,
Revelei meu melhor, meu íntimo escancarado,
Mas o mundo, impiedoso, não tem sutilezas,
Transformou meu segredo em eco silenciado.

Na ânsia de ser mais, de ser inteiro,
Mostrei-me em plena vulnerabilidade,
E vi nas sombras do olhar alheio,
O reflexo amargo da incompreensão e vaidade.

Há um preço na sinceridade sem amarras,
Um risco em ser genuíno, autêntico e cru,
Pois o coração, em tais verdades, se esgarça,
E segredos, uma vez revelados, não voltam ao baú.

Dar o melhor de si é ofertar-se ao abismo,
Onde poucos sabem honrar a confiança depositada,
E assim, o que deveria ser altruísmo,
Torna-se dor, com a alma esfacelada.


(Cássio D. Versus)

5 de jul. de 2024

Incertus Hostis

 
Nesta arena cruel chamada mundo, imundo, ocorrem as mais horrendas e injustas batalhas, batalhas implacáveis, carniceiras, se alimentam de aço, pólvora, sangue e cólera, fúria ardente adentro, labirintos de medos latentes, o caminho do líder-guerreiro encontra-se constantemente bárbaro e inefável (curiosamente). A cada passo, a cada suspiro, a certeza de que existir é nada além de somente confronto, especialmente contra si mesmo, temores incansáveis, nas entranhas das trevas crescentes, ecos estridentes, a cada vitória, a cada vazio, vácuos incontroláveis fazendo sentir na carne o ardor severo das mentes em turbilhão destruindo a minha intimidade com os mortos. A fé costuma gostar de sinceridade. No pó da contenda brota a oração em nome do mistério austero, sem interrupção, intimidade destilada que nenhum anjo sustém na escuridão. O inimigo incerto reside tanto no prélio quanto no coração do combatente onde as guerras mais selvagens, desumanas, atrozes, são travadas na hora do recreio infantil da incoerente inocência.


(Cassio D. Versus)

4 de jul. de 2024

Nas Profundezas da Alma Sombria


Nas profundezas da alma sombria,
Questionava-se o espírito errante:
"Será o amor um mistério constante,
Ou apenas uma farsa e ironia?"

Respondeu-lhe a morte, com voz cínica:
"Amor é drama e comédia em um só ato,
Fortalece e destrói, e no fato,
É o universo rindo de forma irônica."

Veio a vida, zombeteira e esperta:
"Amar é como ter um gato arisco,
Te arranha e some, mas é benquisto."

E assim, no palco cósmico, à espera,
O amor riu, sarcástico e indolente,
Pois ser amado é sorte, amar é deprimente.


(Cássio D. Versus)
 

Amor, Quimera Etérea e Traiçoeira


Amor, quimera etérea e traiçoeira,
Que enlaça corações em dissonância,
Promete eternidade em consonância,
Mas deixa na alma a sombra derradeira.

Fortalece, é verdade, mas primeiro
Destrói a paz, sem dó nem cortesia,
Torna o ser escravo da agonia,
E ri-se do sofrer alheio, o arteiro.

Sortudo o que jamais conheceu teu laço,
Que viveu só de ser amado o encanto,
Pois amar é beber do fel e pranto.

Desencanto que anima o espírito escasso,
Um enigma do cosmos, tão profundo,
Que faz do céu um vasto mar infecundo.


(Cássio D. Versus)
 

3 de jul. de 2024

(...)


Esses pedaços de mim
que ficaram no caminho
são partes que não me pertencem
que contaram história

e se hoje pareço mais frio
não é em nome da frieza
mas uma cautela sincera
que carrega cicatrizes

e todas as minhas certezas
foram moldadas
e as lembranças que fui refém
perderam força.


(Maxwell Santos)

2 de jul. de 2024

19 de Abril (1886)


"Sombrio vale! Não vejo nada
Senão a névoa que toca o vento."
- Manuel Bandeira

Dia das Mães dos Putos

 
E eu que já era filho
antes mesmo de ter nascido,

como todo círculo perdido
a morte está para o casquilho.


(Douglas Neto)

Temujin Borjigin


Provavelmente o fim do mundo. De novo.

Dubai, Tio Paulo morto no banco, Rio Grande do Sul.
Tensões entre países, continentes, sei lá, coisas assim...

Não sei como repassar noticiários.

Com toda a certeza haverão mais tragédias
até final de dezembro.
Por que seria diferente neste ano do dragão?

Melissandra. Obrigado pelas frases de suporte.
Continue me inspirando com psicopatas poderosos.

"A maior felicidade é vencer seus inimigos,
persegui-los e tirar tudo que eles têm." 

"Eu sou o flagelo de Deus.
Se vocês não tivessem cometido grandes pecados, 
Deus não teria enviado uma punição como eu sobre vocês."

"Se você está com medo – não faça,
se está fazendo – não tenha medo!"

O nome completo de Genghis Khan era Temujin Borjigin. Ele nasceu com o nome Temujin e mais tarde adotou o título Genghis Khan, que significa "governante universal" ou "governante oceânico," quando unificou as tribos mongóis e fundou o Império Mongol.
...


(Diário do Balão)

O Azar


...

Longe dos túmulos famosos,
Num cemitério já sepulto, 
Meu coração, tambor oculto, 
Percute acordes dolorosos.
...


(Baudelaire)

1 de jul. de 2024

O Inimigo


A juventude não foi mais que um temporal,
Aqui e ali por sóis ardentes trespassado;
As chuvas e os trovões causaram dano tal
Que em meu pomar não resta um fruto sazonado.

Eis que alcancei o outono de meu pensamento,
E agora o ancinho e a pá se fazem necessários
Para outra vez compor o solo lamacento,
Onde profundas covas se abrem como ossários

E quem sabe se as flores que meu sonho ensaia
Não achem nessa gleba aguada como praia
O místico alimento que as farás radiosas/

Ó dor! O tempo faz da vida uma carniça,
E o sombrio Inimigo que nos rói as rosas
No sangue que perdemos se enraíza e viça!
 

(Baudelaire, As Flores do Mal)


O Mau Monge


- Minha alma é um túmulo que, mau celibatário,
 Desde sempre percorro e habito solitário;
 Nada enfeitou jamais este claustro sem Deus.

 Ó monge ocioso! Quando enfim hei de fazer
 Do espetáculo vivo de meu triste ser
 A obra de minhas mãos e o amor dos olhos meus?


(Charles Baudelaire, As Flores do Mal)

As Flores dos Nossos Dias

 
Ó deusa do meu ser, rainha das dimensões pomposas,
Haverás, quando os ares de julho soprarem monções, 
No abismo pálido das noites silenciosas, 
Uma chama que aqueça teus pés sem más intenções?


(D. Versus)

Réquiem para um Desconhecido

 

À medida que o sol se erguia em um esplendor oculto e sangrento, tingindo a paisagem com suas garras sujas de uma vida alheia que se fora, flamejantes, uma figura solitária avançava pela areia imunda daquela praia deixando um rastro de sombras e desespero subliminar em seu caminho, cada grão de areia seria testemunha da frieza calculada e rebelde. As ondas do mar cúmplices eternas murmurando segredos do mar que a terra esconde a sete palmos. O céu com seu vasto azul se torna tapeçaria celestial estendendo-se infinitamente. Água poesia quebrando na orla oferecendo um réquiem melancólico para a alma perdida envolta no fardo alienado - um corpo inerte, cadáver cujas últimas respirações haviam sido sufocadas pela minha escuridão devoradora.
Seria este inverno o túmulo gelado e silencioso que tanto pedi a vida inteira? Achei que seria menos confortável, minhas mãos trêmulas porém resolutas lançam roupas e objetos à mercê do sal molhado, que, ávido, os envolve e arrasta provas contra seu malfeitor. A culpa é privilégio das vítimas, líderes precisam orar com sangue seco nas mãos e agradecer ao horizonte, que se pinta de laranja e púrpura, pela maldade sucinta que prega sem consequências - sinto o olhar do mistério invisível me respirar e o ar quase me acaba por pouco.

Antes louco que padecedor.


(D. Versus, 2007)

centésimo octogésimo terceiro dia



A noite se vai,
nasce nova alvorada —
e a vida refaz.


(Cássio D. Versus)