12 de jul. de 2024

Fantasma no Baile dos Mascarados


abandono... essa maldita palavra amarga e tudo o que ela representa me mordendo os órgãos, corroendo minhas entranhas... amor, amizade, tudo desmoronou feito castelo de areia pisoteado por fedelhos imbecis. fui jogada para escanteio, como um cigarro apagado na sarjeta suja, e minhas memórias estão embolorando, esquecidas, como a melhor das leituras mofada no canto mais qualquer com suas páginas amareladas pelo tempo sem ninguém para ler nenhuma história... já não sou capaz de socializar. a solidão me mastigou e cuspiu sobras em frangalhos... meu sorriso virou uma máscara desgastada que uso para não assustar as poucas pessoas que ainda considero com a escuridão que habita meus olhos. vivo da merda de uma fachada rachada, sempre ocultando a podridão que consome meus fardos... a cada novo rosto, a cada nova tentativa de conexão sinto as cicatrizes abertas como lembrete, pulsando, recordando constantemente que não passo de um fantasma... uma alma penada em um baile a fantasia... a gritar que nada vale a pena. a esperança é um artigo de luxo na vitrine dos iludidos.. acredito que talvez seja algo reservado para aqueles que ainda são capazes de sonhar... meus sonhos foram triturados pela popular realidade cruel de uma prisão invisível... o que restou foi a rendição ao fato de que a novela que vivenciei com as cortinas fechadas sem aplausos ou direção não passou de um teste teatral de mau gosto para participar de uma peça demente no circo da cidade... então sigo perdida no labirinto do meu próprio inferno astral vagando pelo deserto das emoções mortas, esperando que o sol queime tudo, porque no fundo a felicidade é opióide e já cansei de ser a palhaça nesse show satânico tal de viver...

- desabafando antes de voltar para casa - Sofia
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Uive à vontade...