O editor da World Petroleum certa vez escreveu sobre ele, mas ninguém lembra o contexto. Disseram que Barrows fora um duplo, não achei que fosse possível. (Muitos já me viram por aí, mesmo eu não estando lá) Há quem jure que ele salvou um homem importante durante a guerra; outros dizem que apenas se perdeu no momento certo.
Depois de deixar o exército americano, voltou para Wyoming. O vento do planalto o reconheceu de longe, aquele mesmo vento que sopra nas fotografias antigas, quando o herói já não é mais herói, apenas alguém tentando dirigir um jipe que insiste em quebrar a cada curva.
Numa dessas viagens sem destino, Barrows foi pego pela própria lembrança. Dirigiu o dia inteiro, sem saber se fugia ou buscava. O sol se punha atrás dele como um espelho cansado, e os pássaros faziam o papel dos antigos camaradas - observavam, mas não ajudavam.
No fim da estrada, o desfiladeiro o aguardava: uma fenda imensa, bela e intransponível, aberta entre a terra e o arrependimento. Ele chegou ao topo e, ao tentar descer, entendeu que nada mais havia para encontrar. Apenas ecos de nomes mal escritos em relatórios esquecidos.
Ninguém soube o que aconteceu depois. Alguns dizem que Barrows continua ali, dirigindo entre o silêncio e a poeira - o homem que sobreviveu ao próprio papel secundário, condenado a existir onde nem as manchetes chegam.
(Diário de Bordo, Sessão com Ashley, 08/10/2024)
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